Os anos oitenta... época aúrea do rosa choc, dos sintetizadores, dos óculos de massa que acupavam a cara toda e das calças de ganga justas.
Década ímbuida de progresso económico, novas tecnologias, conflitos armados (bem, parece que este ponto é comum a todas as décadas), de uma nova consciência ecológica e social.
Os anos oitenta fizeram ao século XX o mesmo que o período da barroco fez à história da humanidade: lembrou-nos que o excesso e a piroseira fazem parte da natureza humana, e por mais que a gente não queira, mais tarde ou mais cedo iremos todos passar por uma fase de mau gosto cego. O mesmo se aplica às nossas vidinhas tempo-espacialmente limitadas.
Ultrapassando as taxas de sucesso dos revivalismos anteriores, este reviver os eighties parece que veio para ficar.
Será devido à complexidade estética, dirão alguns, aos sons evoluidos e complexos, dirão outros, ao facto que grande parte da geração activa ter vivido na infância essa década muita fixe, dirá o Cájó.
Tudo isto and then some.
A minha rude opinião tenta, com as suas mãos calejadas e a sua já gasta enxada chegar ao núcleo da coisa.
Ora vamos lá ver:
Os anos cinquenta e sessenta tinham uma estética muito cuidada e atraente, os anos setenta tinham sons muiiiito avançados para a época, roupas glamorosas, sexo livre e garotas elegantes, os noventas tinham a Kevin Costner e a Witney Houston (dasssse!!!!!!.... desculpem, escapou-se.), mas nenhuma destas décadas tinha a porta escancarada na decadência humana nas suas mais variadas formas.
Ela é o excesso de laca, as depressões, o exibicionismo, cabedal e ganga, cores garridas, gajas feias que com tanta maquilhagem ficavam iguais às outras, lábios vermelhos, louras platinadas, o Falco, cintos com fivela grossa, botas de matar-a-barata-no-canto-da-sala, cigarros a serem fumados, o Punk, cabelos espetados e pulseiras de couro com picos.
Resumindo, é a desculpa ideal para soltarmos o bicho básico, mundano e espampanante que há dentro de cada um de nós.
E levar uns brotos de 18 anos para casa no processo, porque vá-se lá saber porquê ainda gostam mais disto que os demais.
Deve ser porque foram feitas ao som do "Simply the Best" da tia Tina.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
A chamada piroseira dos anos 80 tinha um factor mto interessante: era ingenua. Era feita com o proposito de destruir os canons que durante decadas e decadas tinham sido criados a nivel cultural. Não é sem razão que se diga que o hippie dos anos 60 era o yuppie dos anos 80.
Agora...
A piroseira é ainda maior que nos anos 80 e é fabricada de forma a apelar aquele "burro consumidor" que existe em mtos de nós. Basta pensarmos naqueles fios de diamantes dos rappers ( tu já devia tar a espera desta) ou nas dentaduras dos mesmos. Um diamante deixou de ser uma estravagancia dos mto ricos para se tornar mais uma pedra banal. Qual será o próximo passo de decadência consumista do ser humano?? Fios e aneis de plutónio??? E porque não??
Ahh, que saudades dos anos 80. New Wave, Trash Metal, Punk e Rock FM... Scarface, Lethal Weapon, Mad Max, Wall Street, Robocop, Indiana Jones e Star Wars... Warhol, Basquiat, Pop Art!
Abraços reais
King Nothing
Concordo. Mas se calhar � suposto termos coisas manhosas como o hip-hop e o raio que ma parta. Acredito no equilibrio de tend�ncias, e quanto mais merda sai dessa ind�stria ultrapassad�ssima, melhores coisas emergem da contra-cultura. Creio que n�o haveria tanto apetite pelo old-school rock e pelo 80's pop se n�o fosse a decad�ncia do rapper.
Agora que estou farto, estou.
Ali�s, j� estou farto h� uma d�cada.
Irrrrra!!!!!
Post a Comment